Maria Elisa Gomes Lemos
Em Salvador, as experiências esportivas se desenvolveram em diferentes tempos, sob variadas influências e com contextos diversos. As práticas iniciais tiveram nos clubes e nas entidades reguladoras, um aparato organizacional, que colaborou com uma maior estruturação de algumas modalidades.
Nesse caso, o das modalidades primeiras, falamos de um começo que se deu entre fins do século XIX e início do XX. Todavia, também em outros tempos, até bem recentes, a cidade viu surgir e se estabelecer uma prática, que de certo modo, é também mais “nova” em outros espaços e aqui, falamos da Ginástica Rítmica.
Sabemos que a ginástica, como atividade geral, tem seu termo associado a uma ação educativa, de formação do corpo, praticada em diferentes ciclos históricos da humanidade e, portanto, dessa forma, assumindo feições e sentidos variados.
No caso, a Ginástica Rítmica, prática que em sua estrutura oficial e competitiva é ainda exclusivamente feminina, tem suas bases em outras atividades da ginástica, ou seja, importa dizer que ela não foi inventada e sim, se compôs com fundamentos de outras ações das ginásticas que já eram conhecidas.
A Ginástica Rítmica se caracteriza por associar em sua execução, movimentos corporais de rara beleza, de grande exigência física, tendo sempre um fundo musical e o uso de implementos e equipamentos diversos.
A Ginástica Rítmica incorpora em seus movimentos elementos de ordem natural e ao mesmo tempo os sistematizados e sua prática expressa tanto à singeleza de expressões e representações, quanto à dureza das determinações extrínsecas ao praticante e ainda, faz uso de implementos em suas atividades.
Mais que tudo, nos importa aqui falar sobre a Ginástica Rítmica em Salvador.
Se para outros esportes o clube foi fundamental, na Ginástica Rítmica, a escola foi e ainda é um espaço que colaborou com sua estruturação e desenvolvimento e aqui, a Escola Normal da Bahia, mais tarde denominado de Instituto Central de Educação Isaías Alves – ICEIA, teve papel central.
Neste espaço vimos se constituir a trajetória de um novo esporte na cidade do Salvador, a Ginástica Rítmica, com Dulce Suzart.
A Professora Dulce é egressa do curso para professores da Escola Nacional de Educação Física, no Rio de Janeiro (1951-1953). Em seu trabalho, ela deu prosseguimento às atividades de Ginástica Feminina, como era denominada em 1954, em substituição a professora de Dança Odete Franco.
Em Salvador, outras ações colaboraram para a organização da Ginástica Rítmica e uma foi a implantação de Escolinhas de Iniciação Esportiva no nosso estado, onde esta modalidade esteve contemplada, com destaque, a década de 1970.
O Serviço Social da Indústria – SESI foi a instituição que efetivamente iniciou nesta década, propostas concretas para um programa de iniciação esportiva, mais precisamente em 1973, com a realização do Curso de Iniciação Esportiva promovido pelo Departamento Nacional em parceria com o Departamento Regional – Bahia. Este curso teve como docentes, professores da Escola Nacional de Educação Física e Desportos e a partir dele, foram selecionados professores que passaram a atura com os esportes, nas escolinhas, inclusive a de Ginástica Rítmica.
Nessa mesma época, Salvador viu surgir o primeiro de Educação Física, que foi o da Universidade Católica do Salvador – UCSAL. Tal curso colaborou com a formação de profissionais especializados, que passaram a atuar com a modalidade e em alguns casos, após terem sido praticantes.
Assim, em Salvador, as práticas de Ginástica Rítmica, que se iniciaram no espaço do hoje ICEIA, tiveram continuidade e expansão junto ao SESI, já contando com a ação docente de profissionais que passaram pelo próprio curso do SESI, mas que também tiveram formação pela UCSAL.
Nesta linha de intervenção sobre a prática da Ginástica Rítmica, contando com pessoas que além de trabalharem com a modalidade, também foram atletas, o exporte teve em Salvador um cenário de desenvolvimento e aceitação, se estendendo até os tempos atuais e atraindo interesse de praticantes e de docentes, que continuam a lidar com as experiências de tal exporte.
Assim, vimos que Salvador, nesse caso, conviveu com um outro tipo de construção esportiva. Se inicialmente os clubes foram essenciais, neste caso, os espaços escolares assumiram centralidade.