André Alexandre Guimarães Couto
Olá, leitoras(es):
O post de hoje trata de um feito ocorrido no último sábado, 28/05/2022: o retorno, após 23 anos, do Nottingham Forest à primeira divisão do Campeonato Inglês de futebol masculino, mundialmente conhecida como Premier League desde 1992, após vencer o Huddersfield Town, por 1 x 0.

Fonte: <https://premierleaguebrasil.com.br/huddersfield-town-x-nottingham-forest-melhores-momentos-e-resultado-2>.
Um dos clubes mais antigos da Inglaterra, fundado em 1865, o clube retorna à elite com muita festa não apenas por seus tradicionais torcedores, mas por vários apaixonados por futebol ao redor do mundo, muito provavelmente pela memória de um time vencedor a partir do final dos anos 1970. O Forest fora campeão europeu duas vezes seguidos em 1979 e 1980, tornando o técnico Brian Clough uma das pessoas mais importantes na cidade, praticamente uma lenda. Este período dourado ainda coroou o clube com um Campeonato Inglês (1978) e duas Copas da Liga Inglesa (1978 e 1979). Até esta fase, dentre as taças significativas, o Forest havia conquistado duas Copas da Inglaterra: em 1898 e 1959. Após a fase mais importante, ganharia mais duas Copas da Liga: em 1989 e 1990. É curioso lembrar que o time estava em 1977 na segunda divisão inglesa e teve uma ascensão meteórica nos anos imediatamente seguintes, mesmo mantendo uma infra estrutura relativamente mais simples do que os clubes mais ricos do país.

Fonte: <https://storiedicalcio.altervista.org/blog/wp-content/uploads/2016/01/nottingham-coppa-78-79-wp.jpg>.
O retorno atual do Forest à elite justificou, exatamente por conta de seu passado glorioso e nostálgico, uma cobertura atenta da mídia esportiva mundial, inclusive brasileira. A título de exemplos, temos algumas notícias publicadas ontem por sites de periódicos esportivos como o brasileiro GE, o grego Gazzetta, o italiano Gazzetta Dello Sport e o português A Bola, como podemos verificar nos links abaixo.
Pouca atenção foi dada para os acessos de Fulham e Bournemouth para a temporada de 2022/2023, não apenas por não terem uma história de conquistas como o time de Nottingham, mas porque na verdade participam da Premier League com muito mais regularidade do que o dono de City Ground (estádio do Forest).
Cabe ressaltar que a EFL Championship (Liga da Segunda Divisão Inglesa) tem se tornado nos últimos anos um dos produtos de grande popularidade do futebol inglês e mundial, com transmissões ao vivo por canais de televisão (no Brasil, a ESPN tem os atuais direitos), públicos pagantes que lotam os estádios e patrocínios específicos para a liga. Do ponto de vista da competição esportiva e da qualidade técnica, tornou-se um dos principais campeonatos no continente europeu. Acrescente-se também à fórmula de acesso, que mescla o sistema de pontos corridos com 24 equipes, de onde se classificam 2 diretamente e uma eliminatória final (entre os quatro melhores que terminaram entre a terceira e a sexta colocação). A final? Não poderia ser diferente do Estádio Wembley, palco mítico do futebol internacional. Reparem na imagem abaixo, a informação sobre o público presente nesta “final”:

Fonte: https://www.metropoles.com/esportes/futebol/apos-23-anos-o-nottingham-forest-esta-de-volta-a-premier-league.
Voltando ao Forest, e levando em conta a cobertura da mídia internacional supracitada, além da obra memorialística de Guarnieri (2021), a palavra nostalgia é utilizada mais de uma vez na imprensa esportiva ao retratar este novíssimo trunfo do Forest. A fase áurea do clube é revivida mais uma vez, demonstrando um fenômeno narrativo duplo: a valorização de uma memória de clube vencedor e que deixou uma marca na história do futebol europeu e, ao mesmo tempo, um aprisionamento contínuo a um mundo que dificilmente será revivido. Mas, convenhamos, os torcedores não fazem isso o tempo todo? Pois é, a imprensa esportiva também.
Cabe acompanhar agora qual será o futuro do Forest: um Robin Hood (que é na verdade o mascote do clube) da Premier League, roubando pontos dos maiores times ingleses e se mantendo com regularidade na principal e rica liga inglesa, ou vestirá o uniforme do Xerife de Nottingham, iludido e enganado pelas memórias e nostalgias que ganham vida nas florestas de Sherwood. De qualquer forma, vamos acompanhar.
Referências:
GUARNIERI, Lorenzo. El Nottingham Forest de Brian Clough: de la Segunda División a Bicampeón de Europa En 1000 Días. Librofutbol.com, 2021.
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