Santo Time (Que Baje Dios y lo vea – Curro Velázquez, 2017)

Cardeal: E é nesta catedral do futebol secular que eu os abençoo em nome do Pai, do Filho e de… Cristiano Ronaldo.

Ramon: Eu sabia! A cúria vaticana é merengue!

Uma comédia. É disso que se trata Santo Time (Que Baje dios y lo vea), primeiro longa de Curro Velásquez, disponível no Netflix. Uma película leve com alguns acertos cômicos, como o da epígrafe. O enredo básico é o seguinte: um pequeno monastério espanhol (San Teodosio) está com os dias contados. Vai se transformar em um albergue para turistas (não consegue mais se autofinanciar). A última esperança seria uma improvável vitória na “Champion Clerum”, uma competição de futebol entre clérigos da Europa. Quem aparece com essa ideia é o padre Salva, vivido por Alain Hernández. Trata-se do personagem dinamizador, aquele que vai sacudir a tradição, representada pelo personagem do padre Munilla (interpretado por Karra Elejalde). A tensão e progressivo ajuste entre essas duas forças dá o tom da narrativa. Para além da dupla, temos os monges-jogadores. Simón (Joel Basqued), um jovem religioso e sua amiga de infância, Sara (Macarena Garcia), vão colocar algum romance (proibido) no enredo. O personagem de Jesus Heredia (Guillermo Furiase) assume o papel de um reforço técnico: é o único que joga bola, porém tem que ser recrutado entre os evangélicos. E o pastor da ocasião não se furta a pedir luvas, pelo empréstimo… Vale a pena, porque a salvação vem de Jesus (não havia como errar a deixa-sinal).

Todo esse imbróglio se oferece como palco para uma sucessão de episódios jocosos. Dificilmente capazes de nos fazer gargalhar, mas divertidos, sim.

De forma clássica, temos o desfecho com um jogo decisivo: San Teodosio x Seleção Vaticana. Decidido nos pênaltis.

Talvez o mais curioso seja o fato de que realmente existe (ou existiu) uma “champions-clerum”. Em 2017 estava na sua 11ª edição e o selecionado lusitano se consagrou tricampeão (https://www.cmjornal.pt/desporto/futebol/detalhe/sacerdotes-tricampeoes-europeus-de-futsal?ref=Mais%20Sobre_BlocoMaisSobre). Não consegui muitas informações, mas trata-se de uma competição de futebol de salão, com algumas regras próprias e com uma ênfase mais manifesta com o fair play (mas com equipes que perdem e um campeão, é claro).

Seguindo uma tendência, a fita segue um pouco, em flashes, para além do desfecho tradicional. Sugere-se a possibilidade de uma continuação, para uma disputa mundial (a “World champions clerum”…). O filme é agradável e vale a diversão. Só não sei se pra uma continuação.

Abraços!

Referências:

https://www.abc.es/play/cine/noticias/abci-futbol-humor-y-monasterio-salvar-201612190126_noticia.html. Madrid, 19/12/2016, por Lorena Lopez.

Sobre a Champions clerum:

https://maisfutebol.iol.pt/champions-clerum-quando-os-calcoes-tomam-o-lugar-da-batina. Por Pedro Jorge da Cunha (19/02/2009).

https://www.jn.pt/arquivo/2006/champions-clerum-535305.html. 05/02/2006, por Almiro Ferreira.

https://www.cmjornal.pt/desporto/futebol/detalhe/sacerdotes-tricampeoes-europeus-de-futsal?ref=Mais%20Sobre_BlocoMaisSobre. 23/02/2017. Afirma que trata-se da 11ª edição da competição.

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