Aventuras juvenis, ficção e a cultura do surfe

11/11/2018

Por Rafael Fortes (raffortes@hotmail.com)

The Grommets: The Secret of Turtle Cave é um livro ficcional ilustrado voltado para o público infanto-juvenil. Foi escrito por Mark-Robert Bluemel e publicado de forma independente/amadora em 2007. Teve uma sequência em 2014, com o título The Grommets: Big Island Justice. O autor é um advogado e surfista que vive em San Diego (Califórnia, EUA). Trata-se da estreia do autor no universo ficcional. Embora eu tenha classificado a produção como independente/amadora (em função de características do projeto gráfico, erros de revisão etc.), o exemplar que li integra a segunda edição, o que sugere que a primeira foi vendida até se esgotar.

A obra conta uma história envolvendo três adolescentes: Buzz (o narrador), Oz e Jimbo. A história não menciona uma cidade ou ano em que se situe, mas uma série de elementos sugerem o Sul da Califórnia e o início dos anos 1990 como espaço e tempo da trama. No caso do litoral Sul da Califórnia: a diferença de temperatura do mar entre o verão e o inverno; a existência de encostas com pedras e cavernas no litoral; a descrição das origens étnico-raciais dos adolescentes (algo muito relevante na sociedade estadunidense como um todo, não apenas no estado em questão): um descendente de peruanos, outro de “nórdicos”; o fundo de areia sobre o qual quebram as ondas; a casa “amarela com telhado em estilo espanhol” em que o protagonista Buzz vive com os pais (p. 13); o crowd de surfistas no mar; a ideia de recorrer aos livros disponíveis na biblioteca pública local quando precisam buscar informações sobre um assunto (a presença de cavernas no litoral).

Quanto à época em que se passa a trama, ainda não existiam telefones celulares: boa parte dos contatos entre as pessoas se dão com ligações entre telefones fixos. Frequentemente, com interferências indesejadas (para os adolescentes) por parte dos pais, que atendem as ligações e controlam o acesso aos aparelhos, quase sempre localizados na sala das residências. Tampouco há computadores para uso pessoal nas casas, nem menção à existência de internet. Mas há um aparelho de TV que, acoplado a um videocassete, permite aos adolescentes “assistir ao boletim das ondas e vídeos de surfe” (p. 49).

Dois deles residem próximo ao litoral (levam 10 minutos de bicicleta, enquanto o terceiro leva 45) e um deles pretende passar o verão auxiliando o pai em tarefas em troca de pagamento de forma a juntar dinheiro para comprar uma prancha nova. A vitrine da surf shop local é uma referência importante de consumo e de desejo para os adolescentes, que sonham em especial com as pranchas novas expostas. No quarto do protagonista, que narra o livro em primeira pessoa, há “nas paredes pôsteres de revistas de surfe” (p. 13).

Lendo a obra, especialmente as passagens relativas a sensações experimentadas ao surfar, lembrei-me de artigos em que o historiador Douglas Booth argumenta que a história do esporte dedica escasso tempo e atenção a essa questão (como este). Em The Grommets há descrição de várias sensações envolvidas no ato de surfar: ao descer ondas, realizar manobras, furar ondas. Refiro-me não apenas a uma descrição dos movimentos corpóreos realizados, mas daquilo que o surfista sente: prazer, alegria, êxtase, hesitação, medo. Ou cansaço: ao voltar para casa de bicicleta, com a prancha debaixo do braço, após horas de esforço físico surfando. Logo no início, o narrador afirma: “você realmente tem que amar o esporte para acordar de madrugada e pular na água gelada” (p. 1).

Na tentativa de transmitir ao leitor tais sensações, o autor lança mão de expressões comuns no universo do surfe: a comparação com uma “boneca de pano dentro de uma máquina de lavar” para emular as sensações que um surfista tem ao levar um caldo violento; a afirmação de que o tempo parece parar quando se está dentro do tubo; a sensação de voar ao descer a onda e ao realizar certas manobras (mesmo sem dar aéreos, manobra restrita ao repertório de poucos surfistas amadores naquela época). Ainda nesse âmbito, há características que remetem à experiência pessoal vivenciada no esporte. Por exemplo, a noção de que há dias bons e dias ruins. Nos primeiros, têm-se a sensação de que tudo dá certo e a confiança adquirida ajuda a acertar ainda mais. Nos últimos, acontece o contrário, e a perda de confiança em geral estimula a piora de desempenho.

Há também descrições/explicações mais técnicas: movimentos e manobras e de como muitos destes têm nomes específicos (dentro de um vocabulário corrente da modalidade, como acontece com outras práticas corporais); da formação das ondas. Algumas passagens misturam uma descrição de características do esporte com um tom de advertência em relação a possíveis riscos, como no caso das correntes/correntezas (um potencial risco à vida de nadadores e surfistas que não as percebam e nadem na direção contrária). As recomendações e conselhos sobre o que fazer e que não fazer, noções de certo e errado e afins, na maioria das vezes, aparecem em falas do pai de Buzz. Mas, às vezes, nas do protagonista, como quando diz que um surfista nunca deve rabear outro (p. 17). Em três ou quatro momentos, recomenda-se que surfistas novatos devem evitar os dias em que o mar está muito forte, com ondas grandes. Isso os faz evitar riscos desnecessários para si próprios e para os demais surfistas. Em The Grommets é possível encontrar recomendações como não mentir para os país, não desapontá-los etc., o que me parece ser comum neste tipo de literatura. No caso, os riscos e problemas decorrentes da desobediência às vezes têm a ver diretamente com o surfe – como Buzz desrespeitar a proibição de pegar onda próximo a pedras e falésias.

A narrativa se desenvolve praticamente toda em torno de um verão. As férias escolares, o sol e o calor permitem ao protagonista aproveitar o tempo livre com uma série de atividades com seus melhores amigos – e, imagino, ao autor elaborar uma narrativa que também seja uma leitura atraente para adolescentes (de férias ou não, californianos ou não). Segundo May (2002), desde meados dos anos 1950, houve na sociedade estadunidense – sobretudo na indústria cultural, mas não só – um intenso processo de construção da Califórnia como o destino de sonho nos Estados Unidos. Tal imagem de lugar onde se deseja viver e/ou passar as férias permanece muito forte no imaginário do país. Particularmente o Sul daquele estado – cidades como San Diego – é um dos lugares mais procurados no turismo interno do país. Trata-se de uma obra divertida e leve. Talvez possa também ser usado como livro livro paradidático, pois conta com passagens e elementos que podem ser facilmente apropriados para aulas de matérias como Biologia, Geografia, Física e História. No caso da última, por exemplo, há referências ao enriquecimento de contrabandistas (traficantes) durante o período da Lei Seca. O que me interessa aqui, na linha de outros textos que venho escrevendo neste blogue, é traçar alguns apontamentos que permitam observar essa obra e esse tipo de obra – obras literárias para o público infanto-juvenil – como uma fonte histórica para a história do esporte.

O foco da trama são peripécias na exploração de uma caverna. Secundariamente, a relação de amizade que os três estabelecem com Nana, a idosa que vive à beira-mar e que é salva por eles de se afogar. Nana fazia exercícios matinais de natação e teve cãimbras em ambas as pernas. O episódio diz respeito a um aspecto comum do universo do surfe, mas pouco presente em suas representações artísticas e midiáticas: tanto a presença física dos surfistas no mar ajuda a perceber situações de afogamento (às vezes difíceis de enxergar desde a praia) como o fato de usarem pranchas facilita o salvamento (a prancha é um objeto flutuante ao qual a pessoa que está se afogando pode se agarrar, evitando colocar em risco a vida de quem tenta resgatá-la).

O enredo não tem propriamente vilões, apenas um antagonista com escassa presença. Também é surfista, mas, na situação em que é apresentado, usa uma camisa de um time de futebol americano. Tampouco há conflitos entre surfistas de diferentes grupos (geracionais, longboarders x shortboarders, exímios x iniciantes, etc.).

O surfe ocupa papel central na vida do trio de adolescentes (e não só porque estão de férias) e o consumo midiático é parte importante do processo. Buzz fica excitadíssimo quando recebe pelo correio, a cada mês, a edição da revista Surfer’s World, da qual tem uma assinatura. A principal punição recebida dos pais quando faz algo errado é ficar impedido de surfar por uma certa quantidade de dias (em se tratando de algo grave, geralmente é combinada com proibição de ver TV, falar no telefone e encontrar os amigos). O protagonista adora passar tempo com amigos no próprio quarto, lendo “revistas de surfe” e assistindo vídeos sobre surfe.

Quando não há ondas, uma das atividades favoritas de Buzz, Oz e Jimmy é andar de skate. Eles consideram que o skate permite emular os movimentos corporais e manobras do surfe – e, em alguma medida, as sensações proporcionadas. “Temos alguns amigos que amam o skate e só surfam ocasionalmente, por brincadeira. Somos exatamente o contrário. Meus amigos e eu preferimos surfar todo dia!” (p. 53) A comparação ressalta a diferença quando se cai: no skate, geralmente o corpo atinge o asfalto. Por isso, “é sempre necessário para qualquer um usar equipamentos de segurança e um capacete quando você anda no cimento”. Natação (no mar), skate (shortboard e longboard), mergulho, pesca submarina, remo, andar de bicicleta e escalar cordas também são mencionados na trama, embora quase sempre como exercícios, atividades de lazer ou parte da rotina, mas não propriamente como esportes.

Perto do fim da trama, evidentemente, a aproximação do fim das férias de verão – e do retorno das aulas escolares – apavora os adolescentes. No entanto, como esperado, há um final feliz – surfisticamente falando, inclusive. Graças a uma recompensa recebida, realizam o desejo de comprar uma prancha nova e uma nova roupa de neoprene – mas os pais os obrigam a depositar a maior parte do valor numa poupança com o objetivo de juntarem dinheiro para pagar a universidade. Coisas de um país que não conta com ensino superior público e integralmente financiado pelo estado, como (ainda) é o caso do Brasil.

Referências bibliográficas

BOOTH, Douglas. História, cultura e surfe: explorando relações historiográficas. Recorde, Rio de Janeiro, v. 8, n. 1, p. 1-24, jan./jun. 2015. Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/Recorde/article/view/2307/1951 .

MAY, Kirse Granat. Golden State, Golden Youth: The California Image in Popular Culture, 1955-1966. Chapel Hill, London: The University of North Carolina Press, 2002.

Para saber mais

  • Um exemplo de livro infanto-juvenil brasileiro abordando temática dos esportes radicais: Nas ondas do surf, de Edith Modesto. Apesar do título, a trama é sobre bodyboard, e não surfe.
  • Victor Melo tem publicado artigos e livros abordando livros de ficção como objeto e fonte histórica. Ver, por exemplo, este artigo a respeito de Os Maias.
  • Douglas Booth tem publicado artigos com diversas provocações a respeito da necessidade de o historiador lançar mão de sensações, sentimentos, emoções e afetos na escrita da história do esporte.

Apontamentos metodológicos: biografias de atletas como fontes

23/02/2015

Por Rafael Fortes

As biografias de atletas de ponta são, creio, o principal filão editorial envolvendo o esporte. No segundo semestre do ano passado, li livros sobre Kelly Slater, Rafael Nadal e Roger Federer. Em comum, o fato de serem esportistas que admiro e estarem em atividade (e entre os melhores) em modalidades de que gosto e com as quais tenho razoável envolvimento: pesquiso e escrevo sobre surfe desde 2005 e, nos últimos três anos ou quatro, tenho visto e jogado tênis.

Neste texto, discuto alguns aspectos destas obras desde um olhar da história do esporte.

Quatro pontos para pensar

1) Trata-se de biografias publicadas há poucos anos sobre atletas relativamente jovens (independentemente da idade, jovens, capazes e motivados o suficiente para, ao final de 2014, estarem entre os três melhores na principal liga profissional de suas respectivas modalidades), em atividade e com títulos a conquistar. Ou seja, por um lado, se assemelham às biografias em geral; por outro, abordam conquistas, resultados e acontecimentos de uma carreira ainda em andamento.

2) O tênis e o surfe são comumente classificados como modalidades individuais. Uma análise histórica biografias poderia ajudar a compreender e problematizar a dicotomia esportes individuais x esportes coletivos, que vigora no senso comum do campo esportivo e costuma ser reproduzida acriticamente por nós, pesquisadores, que a tomamos como algo dado. Por exemplo: considerando que as biografias são obras sobre um indivíduo, que elementos são mobilizados para construir, descrever, explicar, narrar etc. sua trajetória (noção por si só rica, em termos de análise), bem como seus resultados, realizações etc.? É possível identificar traços comuns às biografias de atletas de modalidades individuais? E às de atletas de modalidades coletivas? Indo além: é possível perceber semelhanças e diferenças entre as características comuns, considerando tal dicotomia?

3) Quanto à autoria: quem é o autor da obra? O próprio atleta? O jornalista? Ambos? Parece-me haver três principais tipos, do ponto de vista formal:

a) Autobiografias em sentido estrito: o atleta escreve o texto (ou, ao menos, é assim que o livro é publicado: atribuindo o texto ao esportista)Nadal.

b) Autobiografias com um (co)autor (geralmente um jornalista). É o caso dos livros de Nadal e Slater: o “com” ou um “e” seguido do nome do jornalista está estampado na capa. Fico com a sensação de que, nestes casos, o autor é o jornalista e coube ao atleta dar os depoimentos e ajudá-lo com outras informações. Contudo, como as obras não apresentam autorreflexividade, é impossível saber ao certo que papeis foram desempenhados por cada um.

c) Biografias escritas por um jornalista. Neste caso, há a divisão entre “autorizadas” e “não-autorizadas”. As categorias são discutíveis (como, em parte, ficou evidente o debate travado em certos veículos de comunicação brasileiros há cerca de um ano e meio, a partir do grupo Procure Saber), mas há outros aspectos que podem ser analisados: os objetivos de quem escreve, os interesses da obra para a coletividade, a forma e o conteúdo.

O livro de Chris Bowers sobre Roger Federer abre espaço para pensar tais questões, pois é uma biografia não-autorizada. Diferentemente das outras duas, não contou com depoimentos do atleta, nem de familiares e pessoas próximas (pessoal e profissionalmente). Além disso, trata-se da segunda obra do autor sobre o tenista – inclusive mencionando que vários trechos de capítulos são reproduções da anterior.

FedererTalvez por isso pareceu-me o livro menos rico, e que mais se assemelha à cobertura jornalística tradicional sobre o esporte (relato de resultados, competições etc.). Uma hipótese é que, além de ter menos informações privilegiadas sobre o biografado, justamente por não ser autorizado, o autor tenha tido mais cuidado, de forma a evitar problemas (como um processo judicial). Já as biografias de Slater e Nadal são versões contadas/ditadas/oficiais, que provavelmente também passaram pelo crivo de  empresário, assessor de imprensa etc.

4) Outra questão diz respeito à tradução e à qualidade do texto. Nos casos das obras de/sobre Nadal e Slater, o texto final em português tem sérios problemas (como alguns dos que apontei ao tratar de outro livro). Além disso, há numerosos erros na tradução de termos específicos – como o nome de golpes e manobras. Creio que se trata de um problema crônico do mercado brasileiro, em que raras editoras investem o suficiente na qualidade da tradução e revisão, mesmo quando se trata de obras que se sabe que vão vender bastante.

Apontamentos finais

– As biografias sob a forma de livro são um importante elemento da construção de representações sobre o esporte, embora não tão poderosas quanto o jornalismo periódico e as transmissões ao vivo por televisão e rádio.

– Os livros biográficos são uma fonte pouco explorada na história do esporte no Brasil. As fontes principais continuam sendo jornais e revistas, além de crônicas, obras de literatos etc.

– Uma análise de tais obras poderia ser enriquecida pela discussão existente na História a respeito da viabilidade/possibilidade da biografia como trabalho científico. Aliás, vale a pena acompanhar este debate, por proporcionar reflexões teórico-metodológicas interessantes.

– Trata-se de fonte que permite alargar o subcampo da História do Esporte. A análise destas obras possibilita abordar novas questões, bem como lançar novas questões para temas já abordados: esportes individuais; construção de representações coletivas; identidade nacional; ídolos; popularidade de atletas e de modalidades; comercialização; produção e reprodução do próprio campo esportivo (formação dos biografados e sua trajetória até se tornarem estrelas); produção e reprodução de estereótipos sobre o esporte, tanto por proporcionar olhares peculiares sobre o âmbito profissional (que podem ser muito diferentes da visão glamourizada veiculada pelos meios de comunicação), quanto porque perdedores e aqueles que se afastam das competições (por variados motivos) raramente são objeto de cobertura midiática, quanto mais de biografia em livro.

– Pode-se também refletir sobre o caráter estético da fonte – algo que deveria acontecer em qualquer trabalho histórico, mas que raramente é feito quando se trata de fontes vinculadas ao jornalismo.

Slater– O autor também deve ser levado em consideração ao se discutir as obras. Neste texto, me referi genericamente aos autores não-atletas como “jornalistas”. Contudo, a atuação profissional deles pode ser bastante extensa, e nem sempre o jornalismo é a atividade principal. Jason Borte, coautor de Pipe Dreams, foi surfista profissional, editor de revistas de surfe, é mestre em educação e atua como professor tanto em uma escolinha de surfe quanto no ensino fundamental.

Referências bibliográficas

Biografias citadas

BOWERS, Chris. Roger Federer: Spirit of a Champion. London: John Blake, 2009.

NADAL, Rafael; CARLIN, John. Rafa: minha história. Rio de Janeiro: Sextante, 2011.

SLATER, Kelly; BORTE, Jason. A biografia de Kelly Slater: pipe dreams. São Paulo: Gaia, 2004.

Para saber mais sobre metodologia e história do esporte

MELO, Victor Andrade de. Esporte, lazer e artes plásticas: diálogos. Rio de Janeiro: Apicuri/Faperj, 2009.

MELO, Victor Andrade de; DRUMOND, Mauricio; FORTES, Rafael; SANTOS, João M. C. M. Pesquisa histórica e história do esporte. Rio de Janeiro: 7Letras/Faperj, 2013.


Lançamento da coleção “Visão de Campo” e outros eventos

17/05/2012

Dia 30/5 será lançada a Coleção Visão de Campo, coordenada por Bernardo Borges Buarque de Hollanda e Victor Andrade de Melo e publicada pela Editora 7Letras. O local é o simpático botequim Vaca Atolada, que fica na Rua Gomes Freire, 533, Centro (pertinho da Lapa), Rio de Janeiro. Será entre 19h e 23h e inclui roda de samba com o grupo Relicário do Samba.

São três livros:

A Torcida Brasileira

Bernardo Borges Buarque de Hollanda, João M. Casquinha Malaia Santos, Luiz Henrique Toledo, Victor Andrade de Melo

“O livro é um convite para refletir sobre essa entidade chamada, de maneira sui generis em língua portuguesa, de torcida. Assinada por quatro pesquisadores – três historiadores e um antropólogo – a obra aborda a construção social de uma persona coletiva, materializada no acompanhamento constante e aficionado por um time de futebol. Para isto, faz um sobrevoo na história nacional do século xx, vista à luz das canchas e dos gramados do país, sobretudo das tribunas dos estádios de São Paulo e do Rio de Janeiro. Mas não só das tribunas. Porosa, a paixão torcedora é analisada antes, durante e depois das partidas, nos ônibus, nos trens e nos bares, em suas condicionantes sociais e culturais, econômicas e políticas.”

O esporte na imprensa e a imprensa esportiva no Brasil

Bernardo Borges Buarque de Hollanda e Victor Andrade de Melo (org.)

Artigos de Victor Andrade de Melo, Luiz Henrique de Toledo, Bernardo Borges Buarque de Hollanda, André Alexandre Guimarães Couto, Álvaro do Cabo, João Malaia, Rafael Fortes, Mauricio Stycer.

Prefácio de Ronaldo Helal. Orelha de Juca Kfouri.

“O livro traz uma proposta de pesquisa menos comum no meio acadêmico, quando se trata de abordar a relação entre os esportes e os meios de comunicação, notadamente entre o futebol e a imprensa escrita. Os capítulos procuram perfilar a experiência e a trajetória de alguns dos periódicos esportivos mais importantes que existiram no Brasil ao longo do século XX e que, em determinados casos, ainda vigem em nossos dias.”

1922: comemorações esportivas do centenário

João M. Casquinha Malaia Santos e Victor Andrade de Melo (org.)

Artigos de Maurício Drumond, Diego Santos Vieira de Jesus, Valéria Lima Guimarães, João Manuel Malaia C. dos Santos, Victor Andrade de Melo, Karina Barbosa Cancella, Flavio Pessoa, Ricardo Pinto dos Santos

Em 1922, o governo brasileiro lançou mão de uma série de iniciativas para a comemoração dos cem anos da independência do país. Num ano conturbado por eleições presidenciais acirradas, acusações a candidatos veiculadas pelos jornais, imposição de censura à imprensa e revoltas militares, o governo tentava a todo custo criar uma imagem de união, modernidade e paz, tanto para o cenário interno quanto para o internacional. A Exposição Internacional de 1922, entre outras iniciativas, marcava as tentativas da construção desse imaginário. O que escapou à maioria dos estudiosos que se dedicaram ao período foi uma série de atividades de um evento que levou milhares de pessoas a incentivar “seleções brasileiras”, celebrando suas vitórias como verdadeiras conquistas da nação. Este livro intenta contribuir para conhecermos um pouco mais dessa história.”

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Aproveitando a presença do antropólogo Luiz Henrique Toledo no Rio para o lançamento da coleção, haverá um bate-papo com ele dia 29/5, terça-feira, às 18h, na sala do Laboratório Tempo, onde normalmente ocorrem as reuniões do Laboratório Sport.

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Está em cartaz, até 29/6, a exposição Esporte e Política no Acervo do CPDOC. R. da Candelária, 6, Centro, Rio de Janeiro. Horário: segunda a sexta, 8-22h; sábados, 8-17h.