Charadinha Esportiva 3 – outubro de 2015

O Aeroporto de Manguinhos se localizava praticamente em frente ao Pavilhão Mourisco, o belíssimo palacete sede da Fundação Oswaldo Cruz, que se construíra na região em 1907. Foi instalado na década de 1930, pelo Aeroclube do Brasil, fundado em 1911, quando perdera sua sede no Campo dos Afonsos, ocupada pela Escola de Aviação Militar.

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O Aeroporto de Manguinhos se localizava praticamente em frente ao Pavilhão Mourisco, o belíssimo palacete sede da Fundação Oswaldo Cruz, que se construíra na região em 1907. Foi instalado na década de 1930, pelo Aeroclube do Brasil, fundado em 1911, quando perdera sua sede no Campo dos Afonsos, ocupada pela Escola de Aviação Militar.

Em Manguinhos, a agremiação viveu um de seus momentos-auge. Havia até mesmo uma Escola de Formação de Pilotos de Recreio e Desporto para atender os esportistas interessados. O clima de nacionalismo, de conflitos internos e de preparação para a Segunda Grande Guerra acabou sendo um incentivo para o seu funcionamento.

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Aeroporto de Manguinhos.

Aeroporto de Manguinhos.

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Em função de um acidente ocorrido em 1959, o aeroporto foi fechado – no seu lugar hoje em dia se encontra a Vila do João, uma das favelas do Complexo da Maré. Somente em 1972 o Aeroclube do Brasil voltou a funcionar, ao se transferir para o Aeroporto de Jacarepaguá (que surgira nos anos 1920, mas foi inaugurado para o público em 1971).

A agremiação segue viva, formando pilotos profissionais ou amadores, ainda que esteja encontrando problemas com a Infraero no que tange à ocupação do espaço. Aliás, nas redondezas, na Barra da Tijuca, se encontra outra agremiação importante ligada à aviação amadora, o Clube Esportivo de Voo, fundado em 1982, no qual se pratica também com ultraleves e aeroplanos.

Mas a região teve (e tem) outros importantes clubes. Vamos dar uma boa olhada no mapa abaixo. Em vermelho, o bairro de Manguinhos. Em verde, Bonsucesso. Em azul, Ramos. Em amarelo, Olaria. Em Lilás, a Penha. Em marrom e rosa, dois bairros que antes eram menores, pois são frutos de aterros, a Maré e a Cidade Universitária.

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Pois bem, se formos nos estender nos clubes dessa região, teríamos (e um dia teremos!) que dedicar um livro para tal. Vamos aqui falar somente das práticas que usavam o mar (sim, por vezes esquecemos que alguns desses bairros têm mar!!).

Lembremos que o glorioso Olaria Atlético Clube possuía relação com as modalidades náuticas. O escudo é cheio de referências a tal proximidade, embora o sítio oficial informe que se trata de símbolos ligados ao escotismo (haveria muitos escoteiros do mar entre os primeiros sócios). Outras fontes sugerem que se trata de uma homenagem à Marinha.

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Trata-se de uma relação que precisa ser melhor investigada. O clube teria até mesmo possuído uma sede náutica na Praia de Maria Angu, onde anos mais tarde (em 1938) seria instalada uma base naval para atender os Escoteiros do Mar. A construção da Avenida Brasil interferiu nas condições daquela parte do litoral.

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Em vermelho, o Estádio do Bonsucesso. Em azul, Estádio do Olaria. Em verde, aproximadamente antiga Praia de Maria Angu. Em marrom, o Iate clube de Ramos, Em rosa, o atual piscinão de Ramos. Em laranja, a Penha.

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A Praia de Maria Angu foi, durante décadas, de grande importância para o Rio de Janeiro. Por lá havia trapiches pelos quais se escoava a produção agrícola e industrial para a área central. Pereira Passos, na primeira década do século XX, chegou a melhorar o porto por lá instalado, estabelecendo uma ligação por barcas com a Praça XV.

Seria difícil visualizar essa parte do litoral em função das obras de aterro e de construção da Avenida Brasil. Em um mapa logo adiante, tentamos mostrar aproximadamente onde era. Nos dias atuais há no local algumas unidades da Marinha e uma favela.

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Vista do porto de Maria Angu tirada da Penha no Rio de Janeiro. Giovanni Battista Castagneto, 1887. Óleo sobre tela, 24 × 26 cm http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Giovanni_Battista_Castagneto_-_Vista_do_porto_de_Maria_Angu_tirada_da_Penha_no_Rio_de_Janeiro,_1887.jpg

Vista do porto de Maria Angu tirada da Penha no Rio de Janeiro.
Giovanni Battista Castagneto, 1887.
Óleo sobre tela, 24 × 26 cm
http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Giovanni_Battista_Castagneto_-_Vista_do_porto_de_Maria_Angu_tirada_da_Penha_no_Rio_de_Janeiro,_1887.jpg

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Porto na Praia de Maria Angu. Augusto Malta (?) Acervo George Ermakoff. http://suburbiosdorio.blogspot.com.br/2012/03/praia-de-maria-angu.html

Porto na Praia de Maria Angu.
Augusto Malta (?)
Acervo George Ermakoff.
http://suburbiosdorio.blogspot.com.br/2012/03/praia-de-maria-angu.html

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De toda forma, há que se citar que tanto a Praia de Maria Angu quanto a Praia de Ramos, além de abrigarem uma colônia de pescadores, também recebiam muitos banhistas a desfrutar de suas águas. Por ali, surgiram duas agremiações náuticas, o Iate Clube de Ramos e o Carioca Iate Clube.

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Em vermelho, o Iate Clube de Ramos. Em azul, o Carioca Iate Clube. Em verde, o aeroporto internacional. Em marrom, a UFRJ.

Em vermelho, o Iate Clube de Ramos. Em azul, o Carioca Iate Clube. Em verde, o aeroporto internacional. Em marrom, a UFRJ.

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Ambos se mantem ativos a despeito da decadência da região. O Iate Clube de Ramos foi fundado em 1941, com o intuito de desenvolver o esporte náutico a vela e a motor. Já o Carioca, com fins semelhantes, foi fundado em 1945.

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Quem sabe um dia não temos de volta a possibilidade de livre acesso a essa faixa do litoral que, limpa e saneada, poderá receber de novo muitos banhistas?

Mês que vem tem mais charadinha!

Um abração, Victor.

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