Completando a pelada: futebol mineiro na Copa de 50

Olá amigos do Histórias do Sport.

Em meu último post (veja aqui), falei um pouco sobre a Copa do Mundo de 1950, mais especificamente sobre os jogos disputados no Estádio do Independência. Argumentei através da análise dos números de público e renda dos jogos no estádio sobre qual seria o espaço do futebol na cidade.

No post de hoje apresento alguns fatos curiosos e que complementam essa análise,  dessa vez de forma mais qualitativa. Se os números podem mostrar pouca expressão dos jogos da Copa do Mundo em Belo Horizonte, as trocas culturais foram, no mínimo,  interessantes.

O jogo de abertura da Copa do Mundo no estádio do Independência aconteceu entre Suíça e Iugoslávia. Em sua passagem por Belo Horizonte a seleção da Iugoslávia contou com reforço em sua equipe, como mostra a reportagem do Jornal Diário da Tarde.

No “Estádio Independência”, iugoslavos e suíços realizaram, ontem, à tarde, o seu primeiro treino em canchas da cidade. O acontecimento levou ao local da sua realização um público numeroso que teria sido maior, não fossem as notícias que os treinos seriam a portões fechados. Em primeiro lugar, ensaiaram os eslavos, entre os quais figuram os “players” Pradinho, Eliseu e Toledinho, do Sete, pedidos por empréstimo a fim de completar as equipes. (…)O resultadop do exercício foi de 2 x 2 tentos marcados por Vukas, Mitic, Elison e Tomachevich. As duas equipes foram as seguintes: VERMELHOS, (reservas): Beara – Instankovich – Colich – Palfi – Pradinho (do Sete) – Atanoskovich – Eliseu (do Sete) – Mikailovich – Firm – (Tomachevich) – Tchaikovsch II – Toledinho (do Sete). AZUIS, (titulares): Makvschick – Hoivat – Broketa – Tchaykovischi I – Yovanovich – Diaich – Ognvanov – Mitic – Tomachevioli – Bobek – Vukas. ( O DIÁRIO DA TARDE, 23 de junho de 1950, p. 3)

Os treinos da seleção da Iugoslávia na cidade promoveram três jogadores mineiros à condição de craques internacionais. Pradinho, Toledinho e Eliseu – esse último, inclusive, assinalando um gol durante os treinamentos – fizeram parte do time reserva da seleção da Iugoslávia durante o treino contra o time principal. Os três faziam parte do time do Sete de Setembro, que era o proprietário do estádio do Independência. Se para a torcida a Copa do Mundo era uma oportunidade única para conhecer mais sobre novas culturas e formas de se jogar futebol, para os jogadores do Sete de Setembro foi uma boa oportunidade para troca de experiências.

Além dos três jogadores, encontramos nas fontes o registro de outra participação mineira durante a Copa do Mundo. O médico da equipe do Sete de Setembro, Sr. Otávio Costa, prestou serviços à delegação norte-americana, quando os mesmos estiveram em Belo Horizonte para a partida contra a Inglaterra. (O ESTADO DE MINAS, 30 de junho de 1950, p. 7)

A Copa do Mundo de Futebol em 1950 colocava Belo Horizonte no cenário esportivo mundial. Do ponto de vista dos torcedores, foi a oportunidade de tomar parte neste cenário. A sua presença nos jogos esteve diretamente relacionada ao ineditismo do evento, bem como com a importância das partidas dentro da competição e o prestígio das seleções e jogadores que protagonizaram os jogos.

Para os jogadores e times da cidade pode também ter sido uma oportunidade de troca de experiências, de desenvolvimento da cultura esportiva de Belo Horizonte.

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